12 abril 2010

EMPÓRIO GUIMARÃES ...x... EMPÓRIO GUIMARÃES

"Christian, nós queremos uma logomarca elegante, algo que sintetize a casa. Sem excessos, algo que marque visualmente o lugar e a identificação do que pretendemos..."

Assim começamos as conversas, dentro da ThesignStudio, na sala do terceiro andar da Rua Paranaguá N° 1255, em Londrina, eu, o Ricardo Guimarães e a Marisa Guimarães, lá se foram décadas.

Ficamos conversando por quase 3 horas seguidas, confabulando de tudo, menos de identidades corporativas. Ou de design.

O que sem dúvidas, denota um excelentíssimo sinal.

Dias depois, fui à pé, até o galpão da Rua Paraíba, ver de perto a área degradada que sempre me atrai nas cidades, especialmente, as do entorno dos ramais ferroviários, deixando-me pressentir o ambiente e as sensações históricas do local.

Trilhos adentravam em vários desses galpões cafeeiros, espécies de tulhas pós-concebidas, aquela elegância intrínseca, que só a industrialização consciente e orgulhosa, consegue implementar na arquitetura funcional.

Fiquei admirado com os lanternins envidraçados, monitores mais elaborados que permitem a aeração dos grãos de outro verde ensacados, aguardando vagões, safra, alta de preços ou encomendas além-mares.

Em uma semana, agendei a volta de ambos, mãe e filho, para mais uma rodada. Sentamos lado-a-lado na enorme mesa santa-ceia, de 2.10x1.00m revestida em bagum preto.

Caneta Tinteiro à mão, rascunhei a essência do que imaginara para a logomarca do "Empório Guimarães", a que seria em breve a melhor casa noturna, num raio de 400km à partir de Londrina (slogan meu, particular e não adotado, é claro...).

"É isto...", ouvi da Marisa Guimarães.

Sei, tá, mas eu vou desenhar um...

"É isto aqui, isto que voce fez...", ouvi, sendo interrompido quase que bruscamente pela Marisa Guimarães, se é que se é possível, alguém ser "interrompido bruscamente", por alguém como a Marisa Guimarães.

Sim, eu entendi, eu vou melhorar esse design no...

"Christian, nossa logomarca é essa. Está pronta. É isso que queremos e viemos pegar de voce."

Não consegui esconder minha estarrecedora surpresa.

Eu estava diante do perfil de cliente mais raro na face do Planeta Terra:

O cliente de fato realista do tal design gráfico, 
que contrata quem entende de design gráfico, 
por que o cliente que contrata o design grafico,
não entende de design grafico
e quer alguém que entenda 
e alguém que faça 
design grafico.

E, que apesar disto tudo, ainda SABE O VALOR DO BOM DESIGN.

Não precisei de subterfúgios para explicar o que queria, com a logomarca.

Fui entendido em um rascunho.

Está certo, meu traço É elegante, manufaturado e até mesmo a minha caligrafia, é um projeto gráfico, em sí (inclusive, construí a fonte STEAGALL.TTF com ela).

Mas a Marisa Guimarães foi clara:

"- Prepare isto, com alguma cor. Seja conciso, vai ficar ótima!", num sorriso, contagiantemente entusiasmada, como lhe é característico.

Peguei o papel cartão Fosco Opaque Triplex 210G medindo 100mm x 100mm, montado como um bloco de rascunhos especialmente prá mim feito pela Midiograf com reciclagem de material de descarte da off-set Gutenberg.

Pus esse cartão no vidro do gigantesco scanner HP profissional, o único do Norte do Paraná na época, considerando que a Thesign, foi o primeiro estúdio com CGC (hoje diz-se "CNPJ") implantado no Norte do Paraná.

No monitor, o Photoshop 3.0 exibia a gigantesca logomarca cobrindo a tela toda, do "imenso" monitor de 14", tela plana ainda em sonho nas fábricas da Sony.

Dava prá ver até onde a ponta fluída da caneta tinteiro Parker Vector pousou alguns nanossegundos à mais, concentrando a carga da tinta nankin Montblanc Royal Blue, ao final das letras "M" de "EMPÓRIO" e do "S" final, em "GUIMARÃES".

Dalí, para o estudo cromatico, foram mais algumas horas e, em 72h fui almoçar com eles, para apresentar-lhes minha concepção final, junto com o arquiteto italiano que os atendera na reciclagem do galpão, o qual pirou em meu relógio.

Dalí menos de uma semana, uniformes, bandanas, aventais, cartões, fachadas, luminosos, neons, backs e front-lights, lugares (aquela toalhinha de papel na mesa, erroneamente chamada de "jogo americano") e adesivos os mais variados, ostentavam a transada logomarca completa.

A internet ainda estava em périodos embrionários de como hoje a conhecemos, então, sua circulação e reprodução visual, foi eminentememte física, tangível, analógica.

Depois, a logomarca começou a ser beneficicada pela sua potente (e conscientemente intencional) pregnância:

Não passaram nem mesmo 10 meses, o icone gráfico parcial que a identificava, o lanternim sintetizado da tulha de cobertura do galpão cafeeiro, passou a frequentar várias mídias, de camisetas à viaturas, de impressos à posters, de convites à adesivos.

O stand d´art original (estandarte...), completo, evolui naturalmente e o ícone único se sobressai, com elegância, originalidade e pertinência, rumo à consolidação pré-meditada.

Porém...

Em uma desastrosíssima reforma grafica...

... a minha logomarca original, hoje "vintage", fora tratada como uma espécie de poltrona principal na sala de visitas, cujo tecido necessitaria de novo revestimento...

A resulta, foi essa daí de cima.

Uma camisa-de-força, engessando as características espontâneas dentro de uma moldura feita na régua e no esquadro, um frame mais propício à uma lojinha de quadros ou à uma soldadora de esquadrias, do que uma elegante, sofisticada e agitada casa noturna.

Talvez, a invasão do "pretinho básico" (só entendi esse tôsco binômio do mundo féchom, por demais recentemente, algo como "coringa"...) tenha se confirmado para tudo um pouco e, por que não?, no design gráfico.

Curiosamente... a atual "nova" logomarca do Empório Guimarães, é imediatamente copiada por... SOLDADORES DE ESQUADRIAS!

Enquanto a logomarca "vintage", por ser autóctone, desestimula a cópia ou a apropriação indébita.

Exceto, se voce for uma casa noturna, instalada em uma tulha cafeeira da década de 40, em uma próspera cidade urbana, espécie de "alinhamento de planetas" um tanto quanto raro de se observar por aí...

O mau gosto, impera. Mas o que me estarreceu, de verdade, foi o slogan do Empório dos Metais, presumidamente, o apropriador indébito da "nova" marca do Empório (notou que ambos levam o termo EMPÓRIO?):


Agora, quer ficar MESMO estarrecido? 

Anastácia fez um comment hoje (22/FEV/2Ol2) me alertando de mais uma grandiosa "criação" na área do Design Gráfico, dá uma conferida "nisto" aqui:



A brilhante e original logomarca acima, trata-se do Empório Salesópolis (Empório Salé, prôs mais chegados), inaugurado hoje, na cidade mesmo nome, que ainda não sei onde fica. Salesópolis também não tem não tem designer ou não tem bom senso ? A gente pode enviar uns 5OKg prá lá, se precisarem... OU SE QUISEREM, é claro!

PS: O mais engraçado de toda esta pequenina história ... 
Foi quando da, digamos, "implantação" da "nova" logomarca, a em P&B elaborada em Serralhería Istáile.... 
Recebi vários comentários irados (VÀRIOS), levei broncas diversas, ouvi muchochos desanimados ... 
Tive até mesmo que receber telefonemas em meu estúdio, de pessoas que sabiam ser a marca original de minha autoriae que pediam satsifações! 
Todos, sem excessão alguma, me questionando da "MANCADA GRAVE" de eu re-desenhar a "bela marca anterior, a marca original do Empório Guimarães"... 
Não consegui explicar, para a imensa maioria, que não fui o responsável pela "renovação"... 
E que o cliente final, pode fazer o que quiser com uma marca que lhe pertença, INCLUSIVE DAR MANCADAS GRAVES
Mas dessa ocorrência, gostei da demonstração de algo muito "interessante": 

As pessoas andam, cada vez mais, compreendendo melhor os conceitos de
Autoría e de Propriedade Intelectual

Ainda que não a pratiquem com tanta ênfase, como é praxis nos paises mais desenvolvidos intelectual, moral, social e artisticamente. 

E isto é, definitivamente um bom sinal.

08 abril 2010

INTERNET SERCOMTEL "ECONÔMICA"


Algumas telecoms parecem viver no planeta Terra do Século Passado, no caso, o XX, que acabou no Reveillon do ano 2001... 

Algum "criador criativo" adicionou o ícone daquela JÓÇA do Explorer, à guisa de memorial visual, no termo de chamada "ECONÔMICA".

Em plena ascensão meteórica do robusto, leve e limpo navegador FireFOX, preferido por 10 entre 10 usuários, tenho que ver um anacronismo desses...

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21 abril 2009

LOGOMARCA RFFSA


AS FERROVIAS do mundo inteiro possuem seus próprios símbolos, quer sejam expostos em cada unidade do material rodante, como os Carros, Vagões e Locomotivas.

Além dessa característica "móvel", os "imóveis também são contemplados, como nas edificações patrimoniais, nos uniformes os mais diversificados de seus vários colaboradores em diferentes funções, estejam esses sobre os trilhos ou nas repartiçõese ainda:

Impressos diversos como ofícios, envelopes e demais consumíveis em papel, além das assinaturas de campanhas publicitárias, anuncios institucionais e quando participam colaborativamente nos apoios culturais.

O símbolo (logomarca) da R.F.F.S.A., acrônimo para Rede Ferroviária Federal S/A, surgiu no ano de 1972, por ocasião de um concurso público realizado especificamente para a escolha de sua futura marca.

Um detalhe importante e até então inédito, é que a autarquia restringiu a participação aos estudantes regularmente matriculados em instituições de ensino, dos níveis Secundário e Superior.

A empresa pública pretendia com isto, como rezava seu Edital, "despertar a juventude estudiosa para a importânica de uma emrtpesa tão vinculada à economia e à segurança da nação", além de "estimular a criatividade dos jovens iniciantes no design, deles colhendo convcreta colaboração, para perdurtar, no tempo, como exemplo válido às futuras gerações".

A inicitativa da RFFSA foi bem acolhida pela imprensa e à época, despertou interesse de 300 estudantes que enviaram suas concepções gráficas.

Isso possibilitou à Comissão Julgadora de então (integrada por Antonio F. Porto Sobrinho, Mario Ritter Nunes e Armando Britto), selecionarem entre os trabalhos de alto nível técnico apresentado, eleger aquela que daría o real significado como ícone ferroviário.

Uma identidade que fosse capaz de agradar a visão, assegurar a visibilidade com sua consequente leitura, evocar elementos físicos da empresa, além de facilidades de reprodução, ampliação e redução da marca, incluindo baixo custo e economia, por conta dessas reproduções em suportes diversificados.

Dentre os 300 projetos de design gráfico inscritos, foram pré-selecionados 11 concepções orginais, que mais evidenciavam criatividade para os fins aos quais se destinavam, tendo sido selecionados 3 concorrentes premiados, sendo:
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3º Lugar ... Arthur Carlos Messina
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2º Lugar ... Joaquim de Salles Redig de Campos
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1º Lugar ... Leiko Hana
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Messina, é hoje um arquiteto e dos bons, atuando São Paulo (SP), através do CADES - Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentavel.

Redig é pioneiro em design no Brasil, ingressando na ESDI (UERJ) em 1968 e atuando ao lado de Aloísio Magalhâes por mais de 18 anos. Hoje, atua como professor da PUC-RJ desde 1975 e tem o seu estúdio, REDIG ASSOCIADOS.

Leiko Hana, à época uma aluna, assim como seus colegas concorrentes, se tornaría em breve uma arquiteta pela Faculdade de Arquitetura Mackenzie, em São Paulo (SP).

Segundo seu memorial Descritivo, o trabalho partiu de um elemento comum e predominante no tráfego ferroviário, ou seja, a figuração de um A.M.V. (desvio) definindo uma variante, constituindo-se num visual dos mais recorrentes nas vias férreas, além de transmitir noções de desejável dinamismo, à primeira vista.

A construção gráfica proposta pela arquiteta é executada, como convinha àquele momento histórico do design, a partir duma trama ortogonal de 9 modulos (9x9).

Inicia-se traçando as barras horizontais ("trilhos"), formando dois retangulos sobrpostos (módulos 0+1H e 2+3H).

Define-se um eixo pela intersecção dos módulos 8 Vertical, com o 9 Horizontal.

Determinando esse ponto (8V+9H) como eixo, traçam-se 4 semi-círculos (raios) até o módulo 5 Horizontal (5H).

Todo o traçado (recomendava a arquiteta), deverá ser feito com traço fino, para que as medidas gerais do símbolo e dos "espaços vazios", sejam idênticos.

Esse símbolo (hoje, LOGOMARCA), se completa com o acrônimo RFFSA* sem os pontos, possibilitando a identificação de todo um sistema ferroviário continental, que viria à se tornar uma das maiores ferrovias contínuas do mundo, onde a logomarca auxiliaria o seu progresso econômico, material e de imagem memorial, perante o grande público.

Não fosse o sucateamento, com mais de 30 anos de des-investimentos, sem dúvidas, essa logomarca da RFFSA sería um dos ícones mais precisos de sua particular semiótica, no entanto, ao menos já entrou definitivamente para a galería da história fascinante do EXCELENTE nível que o design brasileiro atinge.

APESAR DE SEUS GESTÔRES...


CURIOSIDADE:
A dupla de irmãos gaúchos Kleiton e Kledir "homenageou" a Rede Ferroviária Federal citando a estatal na música "Maria Fumaça", composição gravada em 1980 para o Festival de Música da TV Tupi (em um dos últimos momentos da histórica emissora, falida ainda naquele ano), que se tornou grande sucesso durante o evento. A música mais tarde foi incluída no LP de estréia, que leva o nome da dupla, lançado também em 1980 (₢ Wikipedia).
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*PS: A sigla é pronunciada como "ÉRRI-ÉFI-ÉFI-ÉÇIÁ", mas, para muitos de seus funcionários, a hoje extinta RFFSA também era apelidada carinhosamente pelos ferroviários como "REFÉSA".

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29 novembro 2007

CARREFOUR


FIQUEI ESTARRECIDO quando soube que a bela e impactante
logomarca mundial da francesa CARREFOUR teria mais de
7.866 Membros no ORKUT, denominando-a de ´subliminar´
por causa de uma ´´invisível´´ letra C maíscula, com serifas
terminadas em volúpias ou seja... aquelas bolinhas perfeitas.

COMO É QUE É ? SUBLIMINAR ??? Quo Vadis, ó, 7 Mil,
Oitoscentos e lá vai fumaça Cáras Pálidas ? Parem aí, de ver
novelas, 4 GODZ SAKE! Tranquem-se com FIGURINHAS!

Tal falta de caráter visual, analfabetos visuais de fato, seria
como Le Citoyén não ter a MENOR capacidade no adivinhar
do par de mamilos adocicados de uma Bela Fêmea, sitos por
detrás de uma blusa num decote, digamos assim, pronunciado
um poooouco além da conta ( ainda que sua dona... exiba um
manequim digno de taças rasas de um booom champagne,
ambas emborcadas convenientemente na horizontal
) o qual,
senhores... convenhamos... sem os resquícios de dispensável
hipocrisia (estou me dirigindo aos HOMENS, sim? ) lhe dá, confere
e chancela o seu valiosíssimo passaporte mental, para o seu
imediato imergir em sonhos tão... exequíveis com a referida
proprietária de tal deslumbre magnificiente, caso a simpática
senhoría lhe aceite em tais momentos luxuriosos, É CLARO!

Traduzindo:
Se voce malemá consegue imaginar uma mulher núa, 
como é que vai ler um "C", inserido na logomarca do Carrefour ?


LOGOMARCAS PÓS-CRISE